Estórias, Sabores e Momentos da Inquietude do Eu
sábado, 24 de janeiro de 2009
Seria mesmo um tiro? Uma garrafa de champanhe a abrir? Um toque de telemóvel?
Penso que reiniciaríamos a estória com um guião mais definido talvez.
Poderíamos por exemplo definir desde início quais as personagens que entrariam ao longo da estória!
Que vos parece?
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Paragem
Até breve!
quarta-feira, 4 de junho de 2008
segunda-feira, 26 de maio de 2008
quinta-feira, 8 de maio de 2008
sábado, 3 de maio de 2008
- Não me parece que o seja, quando já não há nada a acrescentar. Marie mais uma vez pretendia reduzir a conversa ao essencial e acabar rapidamente com ela, antes que ele se apercebesse do seu estado de "graça". Riu-se interiormente com a expressão que lhe tinha vindo à cabeça. Surpreendida com o olhar directo de Peter viu-o prosseguir.
- Como sabes, nos últimos meses procurei encontrar-me comigo mesmo e penso ter obtido alguns resultados. Sei agora, sem qualquer tipo de dúvida, que o meu futuro é o nosso futuro.
Um silêncio incomodativo instalou-se. Marie, algo desconcertada, procurou refúgio no chá. Peter seguia os seus olhos procurando detectar neles alguma mensagem que o pudesse incentivar a continuar.
De repente, surgido do nada, alguém se dirige à mesa e cumprimenta.
- Hi Marie! So glad to see you here.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
sábado, 12 de abril de 2008
Quase, quase...
terça-feira, 8 de abril de 2008
- PÁRA! Porque é que continuas a vir atrás de mim?
- Porque eu quero explicar-te tudo...
- Mas já explicaste tudo! Eu não quero perceber-te mais! Pára de me tentar compreender! Aceita simplesmente. Não quero mais!
- Mas tudo corria tão bem... tínhamos tantos planos...
- Tinhas! E tens tantos planos! Mas eu estou aqui hoje! Estou a viver hoje! Não consigo viver a pensar constantemente que hoje tudo é mau e amanhã será melhor!
- Eu não penso isso! Estás a ser injusta...
- Injusta?!?! Falas de filhos... Falas de reforma... Falas de tudo o que queres fazer, mas nem um dia consegues ficar em casa comigo....
- Tu! Tu é que estás sempre ansiosa por viajar... não consegues ficar na mesma cidade um mês!!
quarta-feira, 2 de abril de 2008
As respostas que o espelho lhe deu, acalmaram-na por magia. Questionava-se agora perante a necessidade sentida de ir a casa trocar de roupa. Pegou na sua camisola turquesa de tweed e calças de ganga. Não havia nada a conquistar, nem a alcançar. Ia apenas, durante um almoço que pretendia ser civilizado, dizer pessoalmente a Peter tudo aquilo que tinha escrito naquela carta que pensou ser decisiva. O louco, porém, insistia em acossá-la na sua cidade de adopção.
Vestiu a sua gabardina, ajeitou a sua longa e farta cabeleira ruiva e saiu do seu apartamento em Prince´s Gate, Kensington. Um apartamento herdado de sua mãe que lhe permitia ter um local de retiro entre viagens. Passou pela porta do Goethe Institute e caminhou na direcção do Metro. Voltava uma chuva miudinha incomodativa. Acelerou o passo, evitaria chegar atrasada.
segunda-feira, 31 de março de 2008
quinta-feira, 27 de março de 2008
Sem olhar para trás
domingo, 23 de março de 2008
quarta-feira, 19 de março de 2008
Estendido na cama do Westbury Mayfair Hotel, vestido, apenas com os sapatos e o seu pequeno troley caído ao lado. Na mão esquerda, a carta de Marie que não largou desde o avião, na mão direita, uma garrafa miniatura de vodka roubada do mini-bar.
Pelo olhar que deita à janela vê a chuva que bate levemente nos vidros e relembra o motivo para entrar naquele quarto. As duas horas que tem pela frente, agora menos, até ao almoço com Marie, se ela aparecer. Um refúgio, aquele quarto, da vida ou da chuva. Duvida.
Um refúgio confortável, mobilado de forma sóbria e cores suaves, variando entre os tons creme e carmim. Um luxo demasiado para as suas posses mas que naquele momento lhe pareceu o apropriado.
Esvazia a pequena garrafa, sentindo um ardor na garganta, ergue o corpo e aproxima-se da janela. Do quinto andar observa a Bond Street no seu rebuliço habitual, parecendo-lhe ver em cada mulher que foge da chuva, de cabelos longos ruivos a sua Marie. Será ainda sua?
Abandona-se novamente na cama e chora convulsivamente. Pela primeira vez, desde que recebeu aquela carta, não lhe importa mais conter as emoções que o oprimem e dominam.
segunda-feira, 17 de março de 2008
domingo, 16 de março de 2008
Asas são para proteger...
Começa hoje o Festival de Vilar de Mouros. E eu não estou lá. Mais que chateado, estou rancoroso, cheio de raiva por dentro! Raiva desta cama em que te escrevo... raiva desta caixa onde durante meses juntei notas de cem e quinhentos paus para poder ficar por lá... meses a trabalhar para poder ir! Imagina-me a mim a ouvir e a cantar e a dançar as músicas e os ideais dos meus LP´s... Os ideais e crenças de longe daqui.
Mas não... tive de ficar. Que sou muito nervoso para ficar sozinho. Que não são boas companhias. Que a viagem é longa... que a algazarra é muita.
Preso. Sinto-me preso. Quero ir para longe. Partir. Ficar por lá. Provar a todos que consigo tratar de mim sozinho. Que consigo lidar com os resultados dos meus actos e tomar as minhas decisões.
Os jovens são o futuro e tal... Que na altura da revolução não havia nada disto e que só fazem mal à juventude... Que no tempo deles se investia na liberdade e não na libertinagem. Só me apetece responder que se há futuro, não é certamente aqui, que certamente não é para mim.
Tenho a boca salgada novamente. E uma vez mais não é de um primeiro beijo.
Vou partir. Vou para longe. Contar comigo.
segunda-feira, 10 de março de 2008
Move-se de forma descontrolada e espaçada, nem a música o acalma naquele momento. Procura tranquilizar-se, aproxima-se do último controlo de embarque. Nas mãos suadas e nervosas segura passaporte e cartão de embarque, observa a polícia como inimigos que precisa de exorcizar e afastar do pensamento. O seu pequeno troley não atrai as atenções de ninguém. Da angústia ao sentimento de vazio em poucos segundos. Suores frios invadem-no, a sua pequenez ficou bem espelhada ao ser ignorado pelos polícias. Quer dar um passo em frente, mas de novo hesita. Quer gritar e afugentar os fantasmas.
O seu futuro poderá estar resolvido em poucas horas, ou simplesmente tornar-se num inferno. Relembra imagens que o consomem, aquela tarde chuvosa, naquela esquina, naquele encontrão, naquela dor aguda que não o abandona, apesar da ferida física estar há muito sarada.
Alguém passa e olha para ele, não reconhece caras, os olhos vidrados, as pernas trémulas. Embarca pela porta 18 e tenta esboçar um sorriso ao passar pela rapariga que lhe recebe o cartão de embarque. Vai deixar para trás uma Lisboa que ama, que sente como sua, que floresce numa Primavera amena, mas que o despiu de sentimentos e vontades, desde aquele dia fatídico.
Faz um esforço para se abstrair destes pensamentos e concentra-se na música do seu Ipod, companheiro inseparável de viagens. Ao som do Canon em Ré Maior de Pachelbel, passa os olhos pelos outros ocupantes da sala e fixa com especial atenção uma jovem que chora em silêncio. Percebe-se-lhe a angústia no rosto. E no entanto ninguém parece reparar nela. Ou sequer importar-se. Subitamente levanta-se para lhe ir falar, mas quando se aproxima dela foge daquela sala e corre em direcção à porta de embarque. Quer partir de imediato. Sabe o que tem que fazer. E quer fazê-lo rapidamente.
segunda-feira, 3 de março de 2008
Sem Espinhas
Bastaram umas poucas semanas para ver a sua vida virada do avesso. Nunca pensou que um mero atraso para um encontro com uma amiga pudesse ter consequências tais. Mas naquela tarde chuvosa, naquela esquina, naquele encontrão, estava traçado o seu destino.
Enquanto caminha em direcção ao local onde estão estacionados os táxis, aproveita para inspirar profundamente e absorver o ar límpido da manhã de quase Primavera. Aproveita para rever o plano que delineara na véspera. Nada poderia falhar, caso contrário tudo estaria irremediavelmente perdido. E não haveria sequer segunda oportunidade, pelo que toda a cautela não seria de mais.
- Para o aeroporto, se faz favor, zona das partidas – diz ao taxista jovem que lhe abre a bagageira, onde deposita o pequeno troley onde descansam as poucas roupas de que precisará para a curta ausência que se aproxima.
Evitando a conversa de circunstância típica, liga o iPod e sintoniza uma música calma, procurando também relaxar um pouco. Precisa de estar calmo, não quer parecer nervoso nem levantar suspeitas quando passar pela polícia. Isso poderia deitar tudo a perder e é um luxo ao qual ele não se pode dar.
15 minutos depois está a pagar a corrida e a dirigir-se para os balcões de check-in. Benditos cartões acumulados, que um ou outro, lhe permitem maior conforto. Check-in pela Business Class, pequeno-almoço e espera pelo voo no VIP lounge. Menos encontrões, mais sossego e tranquilidade. Uma vez mais, tudo revê, mentalmente.
Olha para o televisor colocado alto num canto do lounge, que regista já a porta de embarque do seu voo. Às 08h15m começará o embarque. Um regresso a Londres que preferia que fosse noutras circunstâncias.