domingo, 16 de março de 2008

Asas são para proteger...

Asas são para proteger, mas eu não quero ser protegido. Não quero nem preciso. Prefiro ser eu a proteger.
Ao recordar aquele longínquo ano de 1982 (já do século passado!) constato que já naquela altura me sentia asfixiar com tanta protecção que me queriam dar. Que diabo! Não era assim tão miúdo nem tão indefeso como me tomavam...
Por isso parti. Sem olhar para trás sequer. E não me dei mal, nada mal, de facto. Passei por muito, é verdade, mas também aprendi lições que só a escola da vida pode dar. Encontrei forças e um desembaraço que não sabia possuir. Dizem que a necessidade aguça a criatividade e disso tive exemplos sem fim.
Aquele sal que sentia na boca tornou-se, pelas circuntâncias, o sal da minha própria vida, que evoluiu de uma forma que nunca imaginei possível. Sorrio, ao lembrar a distância entre as bandas de Vilar de Mouros que faziam o cartaz daquele início dos anos 80 e a música clássica com que que o iPod me delicia agora, como mudei desde então. Sinto-o profundamente, mas sei também que, no fundo, sou ainda o mesmo rebelde, inconformista e irreverente de sempre.
Heathrow já se avista. Do aeroporto a Mayfair serão cerca de 45 minutos. Terá ainda tempo para dar uma vista de olhos pelas montras da New e da Old Bond Street antes do almoço que o levou à velha Albion. Pode ser que o passeio lhe dê alguma ideia nova que consiga convencer Marie a abandonar aquela ideia louca e voltar a Lisboa sem hesitar.
Passando as mãos pelo cabelo castanho que lhe cai para a testa, Peter poisa os olhos verdes, agora tristes e pensativos, na hospedeira que, verificando se os passageiros têm os cintos apertados, lhe surge tão parecida com aquela que, à distância de um par de horas, o aguarda naquela que pode ser a última vez que se veêm.
Maldita hora em que teria resolvido voltar para Lhasa!

1 comentário:

Anónimo disse...

De certeza que foi Lhasa ?
Afinal quem foi para Myamar ?
O Pierre ou a Mary ?

IN-culto