segunda-feira, 31 de março de 2008

Marie estava inquieta. Já tinha mudado de roupa cinco vezes e à medida que a pilha de camisolas ia aumentando em cima da cama, mais ela se convencia de que tinha sido um engano ter aceite aquele encontro. A carta tinha sido suficientemente clara ao pedir a Peter que não a procurasse...

Tinha conhecido Peter graças à insistência de uma amiga em comum. No primeiro encontro tinha-o achado um perfeito imbecil, demasiado arrumadinho, com a vida toda programada. O seu oposto. Marie vivia ao sabor do vento. Desde que terminara o seu curso, queria apenas servir os outros, os que precisavam dela. Deixou para trás a clínica de luxo do seu pai em Bruxelas e partiu para o Quénia onde, durante um longo período, trabalhou em troca de comida. Conheceu Peter num intervalo de férias, na Europa, e apesar de o ter achado desinteressante, percebeu de imediato que aquele homem teria uma palavra a dizer na sua vida. Se lhe perguntassem o que a teria encantado, não saberia responder. Mas o que mais gostava nele era o caos interior que contrastava em tudo com o homem metódico que ele julgava ser. Apaixonaram-se aos poucos, sem grandes entusiasmos. Foi um daqueles amores perigosos, que chegam de mansinho. Quando se deram conta estavam a viver juntos. Com o seu jeito inconsequente e alegre de viver, Marie trouxe uma nova energia à existência monótona e cinzenta que Peter tinha construido, revolucionando-lhe a vida e o mundo.

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