segunda-feira, 10 de março de 2008

Enquanto espera naquela sala cheia de gente, revê mentalmente todo o plano. Sabe que é arriscado viajar assim, sem avisar. Sabe que pode encontrar em Londres surpresas desagradáveis. Sabe que é ali que pode morrer o amor que ali começou. Assusta-se com a ideia do fim. E teme que seja tarde demais para voltar ao princípio. Os últimos telefonemas foram estranhos, confusos, evasivos. As vozes estão diferentes. As de ambos...

Faz um esforço para se abstrair destes pensamentos e concentra-se na música do seu Ipod, companheiro inseparável de viagens. Ao som do Canon em Ré Maior de Pachelbel, passa os olhos pelos outros ocupantes da sala e fixa com especial atenção uma jovem que chora em silêncio. Percebe-se-lhe a angústia no rosto. E no entanto ninguém parece reparar nela. Ou sequer importar-se. Subitamente levanta-se para lhe ir falar, mas quando se aproxima dela foge daquela sala e corre em direcção à porta de embarque. Quer partir de imediato. Sabe o que tem que fazer. E quer fazê-lo rapidamente.

Sem comentários: