quarta-feira, 19 de março de 2008

Estendido na cama do Westbury Mayfair Hotel, vestido, apenas com os sapatos e o seu pequeno troley caído ao lado. Na mão esquerda, a carta de Marie que não largou desde o avião, na mão direita, uma garrafa miniatura de vodka roubada do mini-bar.

Pelo olhar que deita à janela vê a chuva que bate levemente nos vidros e relembra o motivo para entrar naquele quarto. As duas horas que tem pela frente, agora menos, até ao almoço com Marie, se ela aparecer. Um refúgio, aquele quarto, da vida ou da chuva. Duvida.


Um refúgio confortável, mobilado de forma sóbria e cores suaves, variando entre os tons creme e carmim. Um luxo demasiado para as suas posses mas que naquele momento lhe pareceu o apropriado.

Esvazia a pequena garrafa, sentindo um ardor na garganta, ergue o corpo e aproxima-se da janela. Do quinto andar observa a Bond Street no seu rebuliço habitual, parecendo-lhe ver em cada mulher que foge da chuva, de cabelos longos ruivos a sua Marie. Será ainda sua?

Abandona-se novamente na cama e chora convulsivamente. Pela primeira vez, desde que recebeu aquela carta, não lhe importa mais conter as emoções que o oprimem e dominam.

Sem comentários: